Thursday, April 19, 2007

Normal

PF quer evitar que acusados na Operação Furacão destruam provas

Matéria do Jornal Nacional - TVGLOBO

http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA1520388-3586-666674,00.html


A Polícia Federal vai pedir a prisão preventiva dos 25 acusados de envolvimento com a máfia do jogo ilegal. A prisão temporária deles foi prorrogada ontem por mais cinco dias.

O esquema de corrupção de magistrados, delegados de polícia e de outros funcionários públicos dava sustentação às atividades da quadrilha.

Para evitar saques e remessas de dinheiro, a polícia pediu o bloqueio das contas dos presos na Operação Furacão e quer a prisão preventiva - mais longa - de todos os acusados, para que eles não possam destruir provas.

Segundo a polícia, Antônio Petrus Kalil, o “Turcão”, o presidente da Liga das Escolas de Samba, Ailton Guimarães, o “capitão Guimarães”, e o presidente da Beija-flor, Aniz Abraão Davi, o “Anísio”, são os chefes da quadrilha, chamados pela organização criminosa de “tios”. São eles que decidem quem pode abrir casas de bingo e operar com máquinas caça-níqueis.

Os intermediários: lobistas, policiais e advogados, como Virgílio Medina, irmão do ministro do Superior Tribunal de Justiça, Paulo Medina.

E no terceiro nível da organização, desembargadores e juízes que têm a função de limpar o caminho dos criminosos na justiça. Entre os citados pela Polícia Federal estão o ministro do STJ Paulo Medina, desembargadores do Rio de Janeiro Carreira Alvim e Rigardo Regueira e o juiz do TRT de Campinas, Ernesto Dória.

Em uma gravação telefônica, conseguida com uma fonte do Rio de Janeiro, o desembargador Carreira Alvim negocia com um advogado.

Segundo a Polícia Federal, o genro do desembargador recebeu um carro como parte do pagamento de uma decisão judicial favorável à quadrilha, mas o desembargador Carreira Alvim deixou claro como queria a parte dele.

“Aqui, aquela idéia sua... a parte é em dinheiro, tá?”, ouve-se Carreira Alvim na gravação.

Um dos focos da investigação foi o ministro do STJ, Paulo Medina. Para os investigadores, foi ele quem pediu R$ 1 milhão para a organização criminosa em troca de uma liminar liberando máquinas caça-níqueis. O irmão dele, Virgílio Medina, teria sido o intermediário na negociação.

Numa gravação, Virgílio conversa com o advogado Sérgio Luzio. Os dois estão entre os 25 presos.

Virgílio Medina: o valor que eu estou estimulando pra causa é R$ 1 milhão.

Sergio Luzio: Hum... Hum... Perfeito.

Virgílio Medina: Entendeu? Pra gente falar nos mesmos valores.

Sergio Luzio: Entendi. Tá ótimo.

Virgílio Medina: Entendeu? Vai ter um percentual de 20% de honorários na frente.

Sergio Luzio: Hã-hã.

Virgílio Medina: Outros 80%. Tem coisa que a gente tem que discutir que tem que ser bom pra todo mundo.

Sergio Luzio: É lógico.

O advogado do ministro nega o envolvimento de Paulo Medina.

“O ministro desconhecia que estava sendo feito, se é que estava sendo feito, qualquer ‘tratativa’ de processo que estava sob sua ‘relatoria’”, afirma Antônio Carlos de Almeida.

Segundo a polícia, a organização criminosa teria atuado na última eleição, com doações para a deputada federal Marina Maggesi, inspetora da Polícia Civil do Rio. A corregedoria da Câmara vai investigar a denúncia. A deputada disse que não recebeu dinheiro de contraventores.

No mês passado, a organização também teria tentado se aproximar de parlamentares para conseguir a aprovação de projetos favoráveis ao jogo ilegal.

O ministro Cezar Peluso, do Supremo Tribunal Federal, determinou abertura de inquérito policial para apurar o vazamento de informações sobre a Operação Furacão. O ministro ressalta que foi com surpresa que, depois de ter autorizado o acesso dos advogados ao inquérito, viu notícias em toda a imprensa com trechos de gravações telefônicas. A investigação será feita pela Polícia Federal.

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